quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Paris, a capital do século XIX

Comentário do fragmento retirado de As passagens de Walter Benjamin

“(...)Ó morte, ó capitão, deixemos este cais!

Este país é o tédio! Ah, soltemos a vela!

Se o firmamento e o mar são negrumes fatais

O nosso coração de clarões se constela!”

Charles Baudelaire, As flores do mal

Ao compor o poema A viagem Charles Baudelaire refere-se às mudanças de valores atribuídas ao “culto ao novo” que o recentemente consolidado regime capitalista impõe através da alienação das massas e imposição de um modismo onde o valor da novidade independe do valor de uso das mercadorias.

Essa é apenas uma transformação ideológica dentro de inúmeras outras de diversas ordens ocorridas na Paris do século XIX, que virá posteriormente refletir no universo das artes, ciências e especialmente na paisagem urbana da cidade.

E é sob a atmosfera das mudanças ocorridas em decorrência da Revolução Industrial que vive o mundo no século XIX. Em Paris estas transformações se materializaram de forma muito evidente. Primeiramente no campo das artes, que se viu em crise após o advento da fotografia e imposição da temática publicitária. Posteriormente na arquitetura, que modifica radicalmente a paisagem da cidade graças às grandes edificações em ferro de caráter efêmero direcionadas ao consumo, ou às intervenções urbanísticas estratégicas que terminaram por gerar alguns conflitos de ordem social.

É nesta época que se dá a separação entre engenharia e arquitetura. As inovações nas edificações que utilizam a nova tecnologia do ferro fundido pré-moldado, juntamente com as obras de infra-estrutura direcionadas ao saneamento básico, ambas dotadas de grande notoriedade são encabeçadas pela figura do engenheiro, enquanto os arquitetos insistiam em permanecer no estilo eclético que até hoje predomina na paisagem da Paris histórica. Instituiu-se então, a École Polytechnique e a École dês Beaux-Arts.

Por finalizar as transformações, sob as ordens de Napoleão III, o Barão de Haussmann propõe um novo traçado para Paris. Quarteirões inteiros foram arrasados com o intuito de instituir uma estratégia ante-barricadas e promover uma revolução sanitarista. No entanto, estas mudanças acabam por favorecer apenas a burguesia, que através da especulação imobiliária encontra um novo meio de obter lucros estabelecendo preços altíssimos a alugueis, afastando desta forma a classe operária do perímetro recentemente valorizado.

Do outro lado, excluído dos benefícios trazidos pelas mudanças está o proletariado, cada vez mais segregado. Desta forma se estabelece uma grande luta de classes, originada pela desigualdade social.

Paris no século XIX é um cenário de contradições entre o deslumbre da chamada Cidade Luz, uma estratégia capitalista que visa promover o consumo desregrado e o benefício da classe dominante, e as relações de exploração e desigualdade à classe operária, que rapidamente se rebelou contra a dominante. O que destinava-se à ser uma estratégia de ascensão crescente da burguesia acaba por lhe condenar à falência.



Um comentário:

Anônimo disse...

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