segunda-feira, 27 de agosto de 2007

É possível fazer uma breve analogia entre as ficções futurísticas vistas em Metropolis (1926), O Caçador de Andróides (1982), e O Quinto Elemento (1997), com a arquitetura visionária do Archigram e Antonio Sant’Elia.
Em Metropolis, a hierarquia social refletida no espaço urbano evidencia elementos da recente Revolução Industrial e transformações sociais vividas a partir do final do final do séc. XIX. A cidade da superfície, onde só as altas classes sociais tinham acesso, expressa o progresso usufruído pela alta burguesia industrial e os avanços tecnológicos que tanto almejavam. Grandes arranha-céus, com passarelas e vias suspensas demonstram a grande influência sofrida pela arquitetura de Antonio Sant’Elia.
A cidade subterrânea das máquinas também é um elemento de referência ao Movimento Futurista. Ela manifesta o culto ao desenvolvimento tecnológico, e aborda de forma debochada a questão das revoltas operárias e injustiças sociais, - o clima de revolução e violência do período entre guerras é também uma característica do Futurismo. A cidade das máquinas também apresenta uma ligação direta à arquitetura lúdica do Archigram. Cidades dominadas pelas máquinas, completamente mecânicas parecem ser diretamente inspiradas pelo filme de Fritz Lang. O cenário, apesar de surreal, antevê uma imagem muito próxima da realidade em que encontramos nas grandes cidades atuais.
Já em O Caçador de Andróides, a temática futurista é abordada num novo contexto, também se trata de um período de guerra (entre homens e andróides), e não apresenta o modelo organizado de cidade visto no filme anterior. Apenas as altas hierarquias sociais detêm a tecnologia e os menos favorecidos habitam em locais caóticos.

A grande presença de arranha-céus e veículos voadores também fazem uma alusão à arquitetura de Antonio Sant’Elia, no entanto, a presença das máquinas não está na configuração do espaço como em Metropolis, mas sim para substituir o trabalho humano, tomando assim o seu lugar.
Enfim, no Quinto Elemento mais uma vez são vistos elementos da arquitetura futurista de Sant’Elia e do Archigram na presença das grandes edificações, negação à natureza refletida no desafio à gravidade, velocidade e movimento, unidos ao caos da cidade excessivamente povoada.

Em contraponto, diferente dos outros filmes, o Quinto Elemento apresenta um modelo de cidade muito mais longe da realidade. Além da presença da alta tecnologia, ela é rigorosamente organizada, tanto no seu aspecto físico, quanto social. Os conflitos se dão não entre homens, mas entre seres de diferentes espécies.

Podemos dizer então, que os filmes estão diretamente ligados e influenciados pela vanguarda futurista, e em especial ao modelo de arquitetura de Antonio Sant’Elia e do Archgram.
Verificamos que em todos os modelos de cidade acima expostos, elas foram programadas para as mudanças em decorrência de uma tendência, - neste caso em específico os avanços tecnológicos, - isso nos leva à reflexão sobre qual será a tendência que as nossas cidades atuais estão sujeitas, e se estamos caminhando na direção certa para a obtenção de cidades sustentáveis e adequadas ás atividades humanas, ou se a transformamos em condicionantes onde ao invés de nos servir, teremos de nos adaptar à mecanismos falidos e inabitáveis.

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